Seleção Brasileira: um patrimônio nacional

Autor(a): Nélio Silveira Dias Júnior

Data: 14/06/2025

A Seleção Brasileira de Futebol é mais do que um time. É um símbolo, um patrimônio e um orgulho nacional desde a primeira Copa do Mundo, criada pelo então presidente da FIFA, Jules Rimet, e realizada em 1930, no Uruguai, país que se consagrou campeão na estreia do torneio.

Mas, afinal, isso é importante para o Brasil? Em parte, sim.

Mais do que um culto ao esporte ou uma onda passageira de patriotismo, a Seleção tem o poder de unir o país em torno de uma paixão comum. Promove a socialização e, de certo modo, a democratização do pensamento.

Nos dias de jogo da Seleção, principalmente na Copa do Mundo, o país para. Todos se reúnem para assistir. Antes e depois da partida, a confraternização acontece: famílias que há tempos não se viam se aproximam, vizinhos que mal se cumprimentavam voltam a conversar. Em bares e restaurantes, desconhecidos se abraçam e se cumprimentam com alegria, algo raro no cotidiano.

A magia da Seleção Brasileira ultrapassa barreiras sociais e educacionais. Todos falam sobre futebol com propriedade: escalam o time ideal, criticam o técnico, opinam sem medo ou acanhamento. Aliás, no Brasil, todo mundo é “técnico”.

O porteiro do prédio prende a atenção do morador. O taxista deixa de ser ignorado pelo passageiro. Quem entende de futebol, mesmo que só um pouco, ganha voz, respeito e visibilidade, independentemente da classe social.

Durante os jogos da Seleção, até desconhecidos se conectam. No elevador, na praia, no shopping, a conversa se inicia com um simples:

— Bom dia, o que está achando da Seleção?

E o outro responde, com convicção:

— Está muito ruim. Está boa, mas poderia melhorar. Eu trocava o técnico ou escalava tal jogador…

E, a partir disso, a conversa flui. Às vezes, surge até uma nova amizade.

O jogo da Seleção Brasileira é um espetáculo acessível a todos. Ricos e pobres assistem em igualdade de condições. Não há distinção de classe: todos compartilham as mesmas imagens, sem privilégios para alguns. É um raro momento de democracia plena.

A Seleção, além de entretenimento, serve até para extravasar, reclamar por reclamar. Um grita, outro chora. Agora, quando o time não vence, a frustração é geral e recai sobre o técnico, sempre o culpado. No Brasil, não basta jogar bem: é preciso ganhar, e, de preferência, com goleada.

Os mais exaltados desabafam:

— Tira esse técnico burro, não entende nada!

Ou então:

— Esse jogador só pensa em dinheiro, nem se esforça!

No final das contas, no momento da raiva, ninguém pensa nas consequências das palavras, o que vale, no futebol, é a resenha.

Quando o assunto é o maior jogador da história, há consenso: o Rei Pelé. Mas, ao falar da melhor Seleção Brasileira de todos os tempos, as divergências começam. Vale o time que venceu mais? O que jogou o futebol mais bonito? O que tinha os melhores jogadores?

Não há resposta errada, nem árbitro para isso. Depende do gosto, da memória afetiva, da idade e do momento vivido por cada um. Para mim, por exemplo, a melhor Seleção foi a de 1982. Mesmo sem conquistar o título, apresentou um futebol arte inesquecível.

É inegável que aquela equipe — com Leandro, Oscar, Luizinho e Júnior na defesa; Falcão, Sócrates, Zico e Éder no meio e no ataque — encantou o mundo com sua qualidade técnica, toques refinados e chutes precisos. A escalação incompleta não foi um descuido, mas uma escolha.

A música da Copa do Mundo de 1982 — Povo Feliz, mais conhecida como Voa, Canarinho — embalava os jogos da Seleção. O famoso samba, composto por Memeco e Nonô do Jacarezinho e interpretado pelo próprio Júnior, comovia o público e intensificava a atmosfera das partidas.

A Seleção Brasileira de Futebol faz bem ao país. Mais do que os títulos, o que importa são os benefícios sociais e emocionais que proporciona.

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