Rodolfo Garcia: um historiador e intelectual potiguar com expressão nacional

Autor(a): Nélio Silveira Dias Júnior

Data: 12/02/2022

Rodolfo Garcia, norte-rio-grandense, desconhecido para muitos, nasceu em Ceará-Mirim, em 1873, no Engenho do Meio, de propriedade de seu avô materno, Braz Carrilho do Rêgo Barros. Mas, se radicou no Rio de Janeiro, dedicando-se ao estudo de história, geografia, francês e português.

Antes, porém, estudou em escola militar no Ceará e no Rio de Janeiro. Desligado, seguiu para Recife, onde concluiu o estudo secundário e depois se formou em Direito. Ali, lecionou em alguns colégios.

Formado em Direito pela Faculdade de Recife (1908), foi morar no Rio de Janeiro. Contudo, na área jurídica não atuou, sua vocação era outra. Estudar e pesquisar fatos históricos e pontos geográficos era seu trabalho e sua satisfação.

Como disse Câmara Cascudo a seu velho amigo, a quem chamava de Herr Wolf: “que exemplo o teu, para os que trabalham por amor e vivem sem glória!” (Gente Viva).

Ao chegar na nova cidade em 1910, foi logo trabalhar no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Ali, se encontrou e se destacou. Foi colaborador da revista da instituição, divulgando excelentes trabalhos intelectuais. Foi um dos mais notáveis colaboradores do “Dicionário Histórico, Geográfico e Etnográfico do Brasil”, organizado pelo IHGB, no qual contribuiu com “Etnografia Indígena” e “História das Explorações Científicas no Brasil,” (Biografia – ABL). Afinal, do IHGB, foi consagrado sócio benemérito.

Vivenciou, no Rio de Janeiro, momentos intensos do país e a efervescência cultural. Acompanhou a reurbanização da cidade, com o surgimento de equipamentos culturais importantes: Theatro Municipal; o Museu Nacional de Belas Artes e a Biblioteca Nacional.

Rodolfo Garcia foi, também, Diretor do Museu Histórico Nacional, passando, nessa função, pouco tempo (1930/1932). Entretanto, desenvolveu um excelente trabalho. Promoveu o primeiro curso de Museus, voltado à formação de pessoal especializado na área, tendo atuado como professor de uma das disciplinas, conforme registrou o jornalista Gustavo Sobral (Ensaio publicado na Editora Oito, em 2021).

Da Biblioteca Nacional foi Diretor Geral. Nesta função passou muito tempo (1932/1945) e lá desenvolveu laços de amizade com escritores e intelectuais: Alfredo Taunay, Sebastião de Vasconcelos Galvão, Manoel de Oliveira Lima, Cândido de Figueiredo, Hélio Viana, Américo Lacombe, sendo o principal deles, Capistrano de Abreu (Um dos primeiros grandes historiadores do Brasil).

Rodolfo, no Rio de Janeiro, foi articulista de revistas e jornais locais, e correspondente do Jornal de Pernambuco.

Todavia, escrevendo, foi mais adiante. Foi o responsável pela atualização e notas da “História Geral Brasil” de Francisco Adolpho Varnhagen. Também, escreveu notas para a publicação do livro “Diálogos das grandezas do Brasil”, obra escrita no início do século XVII por Ambrósio Fernandes Brandão, cuja introdução coube a Capistrano de Abreu. Publicou, ainda por cima, “Nomes Geográficos Peculiares ao Brasil” e “Bibliografia de Geografia do Brasil”.

Além disso, dedicou-se aos estudos linguísticos. Escreveu o “Dicionário de Brasileirismo”, o “Glossário das Palavras e Frases da Língua Tupi”, “Nomes das Aves em Língua Tupi” e o “Catecismo da Doutrina Cristã na Língua Brasílica da Nação kariri”.

Rodolfo Garcia era reconhecido e respeitado pelos seus conhecimentos e pela sua dedicação. Na verdade, na sua área, foi um dos maiores do Brasil. E chegou lá, com glória.

O historiador e escritor foi da Academia Brasileira de Letras, eleito em 2/8/1934, e empossado em 13/4/1935, na cadeira 39, cujo patrono é Francisco Adolpho Varnhagen.

Rodolfo Augusto de Amorim Garcia faleceu no Rio de Janeiro, em 1949, aos 76 anos de idade.

Esse potiguar, de nascença e de sangue, venceu lá fora no mundo das letras, com merecimento e trabalho sério, de alta relevância para História e para Geografia do Brasil. Por isso, merece ser conhecido e lembrado pelo norte-rio-grandense

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