Loury: um pintor potiguar

Autor(a): Nélio Silveira Dias Júnior

Data: 22/11/2020

A sua pintura: os retirantes, merece aplausos. Ela nos lembra “Vidas Secas”, livro de Graciliano Ramos, um dos maiores escritores da literatura brasileira.

Esse romance, escrito em 1938, retrata a luta do nordestino pela sobrevivência no sertão diante do flagelo da seca.

Eis um trecho desse livro, cuja narrativa impressiona:

“(…). E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silencio grande. Ausente do companheiro, a cachorra Baleia tomou a frente do grupo. Arqueada, as costelas à mostra, corria ofegando, a língua fora da boca. E de quando em quando se detinha, esperando as pessoas, que se retardavam. Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado. Morrera na areia do rio, onde haviam descansado, a beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. Agora, enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se equilibrava mal.(…) “

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