Dom José Pereira Alves: um sacerdote, um orador

Autor(a): Nélio Silveira Dias Júnior

Data: 22/10/2022

José Pereira Alves (1885-1947), pernambucano de Palmares, ordenado sacerdote em 1907, foi um bispo católico brasileiro.

Não era um potiguar, mas por aqui passou e desenvolveu um belíssimo trabalho social e de evangelização. Em 1923, recém consagrado Bispo, foi designado para a Diocese de Natal/RN.

Criada a Diocese em 29/12/1909,

Dom José Pereira Alves foi o terceiro bispo de Natal.

A sua intelectualidade era notável e por todos reconhecida, mesmo fora da Igreja. Em Pernambuco foi membro da Academia Pernambucana de Letras e do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico.

Porém, a oratória de Dom José Pereira Alves se destacava ainda mais. Sua palavra arrebatava e encantava os ouvintes. A plateia, que só crescia em seus pronunciamentos, se emocionava. Era um autêntico tribuno, um dos maiores que aqui passou.

Ao chegar em Natal, o novo bispo saudou os seus diocesanos, conforme registrou Jurandyr Navarro em seu livro (Os Notáveis), dizendo:

“Vamos exercer o múnus pastoral numa terra ilustre, batizada em sangue de mártires, terra de liberdade, de honra, de civismo, terra fecunda em inteligência e em coração, que sempre despertou em nós viva admiração e uma simpatia crescente. Vamos rever e beijar nossa encantadora cidade episcopal, linda pelo nome, linda pela sua situação graciosa, linda pelo seu batismo católico e pela sua história sob a proteção maternal da excelsa Senhora da Apresentação, nossa formosa Natal gentil e cristã, presépio do Menino-Deus, adorado pelos Santos Reis, histórica e altiva princesa do Potengi.”

Dom José Pereira Alves fundou em Natal a Congregação Mariana de Moços, que deu ao Estado intelectuais famosos: Padre Luiz Monte, Otto Guerra, Ulisses de Góis, Nilo Pereira, Aluízio Alves, Afonso Bezerra, Miguel Seabra Fagundes (Jurandir Navarro).

Era um defensor da educação, e a Igreja Católica aqui obteve importantes avanços, como, por exemplo, a criação dos colégios: Santa Terezinha, em Caicó, e Nossa Senhora das Vitórias, em Assú.

Esse último era conhecido como o Colégio das Freiras (1927). À época referência estadual no ensino feminino. Um avanço para época e pioneirismo no seguimento. Foi dirigido, a seu convite, pela irmã Teresina Werner que, pouco antes, havia fundado a comunidade religiosa das Filhas do Amor Divino no Rio Grande do Norte (1925).

O Bispo de Natal, Dom José Pereira Alves, criou o jornal “Diário de Natal” em outubro de 1924, vespertino que atingiu a sua função, levando o pensamento católico além das paredes da igreja, e abrindo uma nova era para o jornalismo cristão.

Dom José Pereira Alves, com espírito público e coletivo, estimulou e defendeu o cooperativismo, criando, em 15/8/1926, a Caixa Rural e Operária (posteriormente Cooperativa Central Norte-rio-grandense Ltda). Fundou, também, a Federação Católica do Rio Grande do Norte.

O Bispo fez muito pela Igreja Católica no Estado. Mas, os seus ensinamentos, suas preciosas lições e as suas pregações eloquentes são o seu maior legado.

Dom José Pereira Alves deixou Natal em 1928, transferido para Diocese de Niterói, à época uma das mais importantes do Brasil. Niterói era capital do Estado do Rio de Janeiro (1903/1975).

Esse sacerdote, orador consumado, deixou aqui exemplo.

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