Aluízio Alves: homem de letras. Um escritor incontestável

Autor(a): Nélio Silveira Dias Júnior

Data: 26/06/2021

Aluízio Alves publicou o livro: “A Primeira Campanha Popular do Rio Grande do Norte”, fruto de uma conferência que fez em 1975, no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, em homenagem aos 100 anos do nascimento de José da Penha (capitão do Exército, escritor, jornalista e político).

O livro é extraordinário, de altíssimo valor histórico. Merece ser lido e relido a qualquer tempo.

Ao apresentar as razões da conferência, Aluízio Alves explicou por que não podia faltar a importante evento:

“Primeiro, porque o destino nos fizera nascer, a José da Penha e a mim, na mesma cidade e até na mesma praça. Segundo, porque, embora escolhendo, na distância de algumas gerações, caminhos profissionais diferentes, unia-nos, atravės do tempo, a irresistível vocação para o jornalismo politico. Terceiro, porque, na separação de quase meio século, tivemos inspirações semelhantes e missões impressionantemente coincidentes, de conduzir o povo, em alvoroçadas esperanças de revoluções pelo voto, ao combate contra máquinas políticas instaladas no poder. E, por último, pela consciência que tenho, ao estudar-lhe a personalidade, os ideais, as formas de atuação política, de que também ele, não fora a morte trágica, teria sido privado de cumprir, até a plena realização, a sua bela e obstinada vocação política.”

A narrativa do livro é impressionante. A figura de José da Penha é rica (homem democrático e combativo, de espírito público inestimável) e Aluízio Alves a descreve com maestria. Prende o leitor do início ao fim.

Ao final, depois de falar da eleição de 1913, em que José da Penha levantou o povo, com discursos empolgantes e fervorosos, contra o governo de Alberto Maranhão – cuja família estava no poder há mais de 20 anos – que apoiava a candidatura de Ferreira Chaves, Aluízio Alves fez reflexão memorável sobre o conterrâneo derrotado, vencido nunca:

“Fez da palavra uma semeadura de esperanças. Colocou-se acima do ódio morno, frio ou desesperado. Sacrificou saúde, bens, tranqüilidade. Pôs em jogo a carreira e a vida. Quando alguns cansavam, renovava ânimos. Quando outros desistiam, ele, multiplicando energias, ocupava o espaço vazio. Arrancou dos lares, das escolas, das oficinas, dos campos, velhos e moços, homens e mulheres, pretos e brancos, e as próprias crianças, abrindo-lhes, a todos, as perspectivas de itinerário mais nobre e mais digno. Confiou nos que prometeram, e falharam. Não faltou, em nenhum momento, ao compromisso da sua vida.”

“Em toda a parte onde haja um prelo, uma tribuna, uma praça, há de ferver um coração patriota” (Rui Barbosa).

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