Escola: tempo inesquecível

Autor(a): Nélio Silveira Dias Júnior

Data: 12/01/2025

O tempo da escola é um momento inesquecível na vida de qualquer pessoa. É neste ambiente que se passa grande parte da infância e da adolescência, aprendendo e se desenvolvendo na condição de ser humano.

Minha experiência escolar foi marcada pelo Colégio Salesiano São José. Ali, iniciei e acabei meus estudos.

Muitas lembranças, belas histórias.

O colégio pertence à Congregação Salesiana, da Igreja Católica, de origem italiana, fundada em 1859 por Dom Bosco: sacerdote católico italiano, canonizado santo pelo Papa Pio XI, em 1934. É o padroeiro dos jovens e dos estudantes.

O colégio chegou no Brasil, em Niterói, em 1883. Foi instalado em Natal, em 1936, na Ribeira, como Externato Salesiano, oferecendo curso primário. Mas, só em 1959 foi criado o curso ginasial, e, em 1979, foi implantado o ensino científico, alterando o nome de Ginásio para Colégio Salesiano São José.

O prédio foi doado pelo industrial Juvino Barreto e sua esposa, Inês Albuquerque Maranhão (Irmã de Pedro Velho), onde moravam com sua família na época. Era um notável e imponente palacete, construído no estilo neoclássico em um imenso terreno, rodeado de belas mangueiras e com entrada sinalizada por palmeiras imperiais.

Quando comecei a estudar no Salesiano, quem dirigia o colégio era o padre italiano Sabino Gentille. De lá foi diretor de 1974 até 1978. Ao se desligar do colégio foi morar em Mãe Luíza (1979), onde prestou relevantes serviços religiosos, educacionais e de saúde àquela população.

O Colégio Salesiano São José me proporcionou não apenas conhecimento, mas também formação cívica e religiosa.

Sob a direção de Padre Waldemar, meu segundo diretor, imperava muita disciplina e respeito. Ao entrar na sala de aula, os estudantes tinham que ficar de pé e em silêncio. Toda sexta-feira, antes de iniciar a aula, tínhamos que hastear a Bandeira do Brasil e cantar o Hino Nacional, sempre em posição de respeito, com as pernas retas e os braços rentes a elas, ou, com o braço direito levado ao peito esquerdo.

A religião fazia parte da educação. Era uma disciplina da grade curricular. Além das aulas ministradas, inicialmente, pelo Padre Marinho, depois pelo professor Idalmo, figura humana diferenciada (ordenou-se padre, em 1999), tínhamos que, uma vez por semana, participar de missa na própria capela do colégio.

A escola teve um papel fundamental na minha formação religiosa. Como instituição salesiana, o Colégio São José valorizava a espiritualidade e nos proporcionava momentos de reflexão e oração. Às vezes, naquele momento escolar, havia um repúdio, inerente à rebeldia da adolescência, mas depois, os ensinamentos religiosos ficam e duram para sempre.

O Padre Orsinir Linard, meu terceiro diretor, foi um espetacular comunicador. Ao celebrar uma missa, se destacava, com oratória invejável e homilia encantadora. Tinha seu jeito próprio de se comunicar: voz sempre empostada e o microfone segurado com as duas mãos e bem próximo à boca. Foi um grande educador.

Foi substituído pelo Padre Prata, meu último diretor, que fisicamente não negava a sua origem italiana, e já havia estado no Salesiano na década de 50, ensinando matemática à garotada.

No Colégio Salesiano São José, se aprendia disciplina e respeito, valores fundamentais para a convivência em sociedade.

Com regras rígidas, os coordenadores do Salesiano faziam todos cumprir. No início, minha coordenadora foi Dalvanir; depois, os coordenadores Mizael e Mário Sérgio. Todos eles desenvolveram excelentes e relevantes trabalhos educacionais. Mas, só com o olhar metiam medo. Quem saísse da linha era punido, com repreensão, ou, com suspensão de aula, ou, até mesmo, com expulsão do colégio.

É de ser ressaltado aqui o excepcional corpo docente do Salesiano. De princípio, lembro-me da professora Fátima, conhecimento e paciência, o que fazia dela uma educadora exemplar. Mais adiante, destaco o professor José Carlos. Por fim, faziam a diferença os professores: Arimateia, Luiz Eduardo Brandão Suassuna (Koquinho), Fernando Suassuna, dentre outros.

Os funcionários tinham o nosso respeito e admiração. Cícero, da cantina, era um deles. Aldo, seu ajudante, o outro. Na merenda, reinavam a grapette e o pão de queijo. Havia, ainda, uma figura emblemática: o Bigode. Corpulento e de bigode vasto, lá tinha uma oficina, onde ajeitava as nossas cadeiras. Na saída do colégio, tinha também Milton, o confeiteiro, de quem se comprava as balas, sendo a “7belo” a mais festejada.

O colégio sempre incentivou o esporte, que tinha como objetivo não só o bem-estar físico do estudante, como também promover a integração entre os alunos. Nessa atividade, destacou-se o Prof. Reginaldo, que desenvolveu grandioso trabalho, inclusive no futebol de salão, assim como o Prof. Paulo Dias, imbatível no basquetebol, que contribuiu para que o Salesiano ganhasse várias competições nos jogos escolares, sempre cobrando profissionalismo e disciplina dos atletas.

Dos colegas com quem estudei, só boas lembranças. Quando os encontro é só alegria. A sua grande maioria é excelente profissional e de caráter irretocável, fruto da formação salesiana.

Hoje, olho para trás e vejo o quanto o Colégio Salesiano São José foi importante para meu desenvolvimento pessoal. Os valores e os ensinamentos que adquiri lá permanecem enraizados em mim, moldando a pessoa que me tornei.

Claro que, na condição de adolescente, época de descobertas e transformações, houve momentos de maior irreverência, típicos dessa fase. Às vezes essa etapa serve também para o crescimento, pois permite aprender com os erros e amadurecer.

Sou grato ao Colégio Salesiano São José por ter sido o começo de tudo, por ter contribuído para a minha formação. Essa escola sempre terá um lugar especial em minhas memórias afetivas.

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