O Barão de Serra Branca: um exemplo potiguar
Data: 08/09/2021
O Barão de Serra Branca era Felipe Néri de Carvalho e Silva. Nasceu em Santana do Matos, em 2 de maio de 1829. Casou com Belisária Wanderley. O casal não teve filhos. Adotou um único filho, Silvestre, que se casou com Francisquinha Medeiros, que também não teve filhos.
Felipe Néri foi deputado provincial e tenente-coronel da Guarda Nacional. Porém, se notabilizou no meio rural. Iniciou sua atividade na Fazenda Serra Branca – uma enorme e produtiva propriedade rural – cultivando cana de açúcar, produzindo cachaça e açúcar. Mas, em seguida, passou para pecuária, tornando a sua atividade principal. Seu gado formava um dos maiores rebanhos da região.
Em 1888, a Princesa Isabel concedeu o título de barão a Felipe Néri, tornando-se, assim, o Barão de Serra Branca.
Por trás de um grande homem sempre tem uma grande mulher.
Belisária Lins Wanderley nasceu em Assú/RN, em 1836. Filha do Coronel Manoel Lins Wanderley e irmã do poeta Luiz Carlos Lins Wanderley, primeiro médico diplomado do RN e o primeiro romancista do Estado. Depois de casada passou a se chamar Belisária Lins Wanderley de Carvalho e Silva, a Baronesa de Serra Branca.
O casal era abolicionista, tendo libertado seus escravos em 1880, 8 anos antes da Lei Áurea. Serviu de exemplo para que toda a cidade do Assu também agisse dessa forma, o que veio acontecer em 1885, tornando-se o segundo Município do Rio Grande do Norte a assim proceder, uma vez que Mossoró já havia feito isso em 1883.
Dona Belisária, no dia que libertou seus escravos (54), fez um banquete, servido na mesa principal da casa-grande por ela própria, da mesma forma que costumava ser servida.
Seus escravos não eram tratados como tais, e seus filhos recebiam tratamentos diferenciados, com momentos de recreação: cantando e tocando instrumentos.
O casal residia, oficialmente, em um belo sobrado na cidade de Assu, construído no estilo colonial. Com a morte do Barão de Serra Branca, em 1893, a Baronesa, ainda, permaneceu morando ali até 1925. Depois foi morar em Natal, tendo falecido em 1933, aos 97 anos. Hoje, o prédio abriga a Casa da Cultura de Assu, ligada à Prefeitura Municipal.
A Fazenda Serra Branca, atualmente, está situada no Município de São Rafael. A sua sede: a casa-grande, o prédio do engenho, o armazém e o estábulo estão em total abandono, em estado deplorável; a senzala já foi à ruína. As suas terras foram desapropriadas pelo INCRA e pertencem a um assentamento rural.
Essas construções remetem ao passado rural do sertão potiguar, assim como a um marco histórico, e precisam ser preservadas.
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