Nélio Dias, meu pai

Autor(a): Nélio Silveira Dias Júnior

Data: 22/01/2021

Se estivesse vivo, hoje, estaria completando 76 anos. Mas, partiu aos 62 anos, sem avisar, e, confesso, não sei para onde (!), nem o porquê (!).

A sua ida me deixou saudades.

Hoje, acordei, e percebi que o dia estava diferente, o sol não brilhava como antes, aí resolvi conversar com o meu pai. Porém, não sei se ele me ouviu (!). Olhando fixamente para o horizonte, procurando o mar, sem sentido, talvez, disse a ele, baixinho:

Na sua partida, pensei que você tinha deixado a vida depois de haver cumprido a sua missão aqui na terra, realizando os seus sonhos, semeando amizades, generosidades e o bem. Todavia, percebi, com o passar do tempo, que outra lhe cabia: o convívio com o filho.

Essa, talvez, a maior missão do pai.

Ainda, hoje, sinto uma falta imensa da sua presença: de lhe dar bom dia, de lhe perguntar como você está. Nem ao menos posso escutar as suas estórias, tão bem contadas, ainda que algumas repetidas. Nada disso posso mais fazer.

A quem eu vou falar das minhas angústias, das minhas conquistas, se era com você, meu amigo, que eu as confiava.

Oh, pai, quanta falta você me faz!

Está vendo como a sua missão não tinha acabado. Por que você partiu tão cedo ?

E o seu envelhecimento, que você não me deu o direito de compartilhá-lo. Fazer a inversão da vida: segurar a sua mão para andar, como um dia você fez comigo.

A saudade, com os dias, que eu pensei que fosse diminuir, cresce, e o peito, às vezes, dói, arde mesmo, e não tem jeito, os olhos lacrimejam e as lágrimas caem.

Mas, o que me conforta é saber que tudo o que é bom dura o tempo necessário para ser inesquecível.

Voltar